Estou eu a conduzir um triciclo cor-de-azul e vejo uma rapariga ao pé de do museu da cidade, nuns relvados mais à frente a dançar frenéticamente ao som de musica nenhuma. Dançava e dançava e dançava. Dançava sensualmente consigo mesma. As árvores dançavam com ela. As microalgas que também dançavam com ela cresceram e ficaram do tamanho de um balão e voaram e voram e voaram até à lua. Foram colonizar a lua. Nunca se esqueceram da sua mãe. Da rapariga que dançava frenéticamente sozinha. Mais à frente, outra rapariga escrevia num bloco de notas as coisas que ouvia e dizia. Escrevia e ria. O seu sorriso fazia crescer plantinhas no chão do jardim. E ela corria e corria e corria e pisoteava tudo. Pisoteava e criava a vida com o seu sorriso. Parei o triciclo e sorri para ela, mas ela não parava de correr e rir. Só queria pisotear e rir para o mundo. Continuei a pedalar. Mais à frente começei a ouvir uma voz absorvente. Uma daquelas vozes que de tão sinceras me faz parar o triciclo cor-de-azul. Não a conseguia ver bem. Mas percebia que cantava fado e era alta. Trazia um xaile nas costas e cantava e cantava e cantava e cantava. Pedalei mais depressa. Precisava de ouvir aquela voz sincera. Tão sonora de tão sincera. Pedalei e pedalei e pedalei. Era uma rapariga que cantava para o povo. Parei para a ouvir. Ela sem nunca olhar para mim, de tão concentrada que estava cantava e cantava e cantava. Virei-lhe as costas e pedalei e pedalei e pedalei. Enquanto pedalava ainda me virei para trás. Agora, a rapariga que cantava estava também a dançar. A cantar o fado e a dançar kizomba? Que mistura tão estranha. Olhei em frente e pedalei. Subi uma grande descida no meu triciclo cor-de-azul. Pedalei até encontrar uma rapariga muito elegante que estava a namorar com o seu namorado pelo qual estava enamorada. Era bonita. Ruiva. Não, espera, era loira. Era sensual e namorava e namorava e namorava. Não interrompi. Pedalei mais. Estava uma rapariga mais à frente com um miudo nos braços. Tão bonito. Tinha um barrete cor-de-laranja e uma carinha de anjo. E a mãe acarinhava e acarinhava e acarinhava. Disse adeus e pedalei mais. Encontrei 50 mil pedaladas à frente uma rapariga que vestia um sutien azul escuro às bolinhas e estava a saltar como se estivesse num concerto de uma musica que gostasse muito. E ela saltava e saltava e saltava e saltava. Parei, disse olá. Mas ela só saltava. Ela transpirava carinho e amor. Tinha amor e carinho para dar, mas ela só saltava e saltava. Continuei a pedalar e encontrei uma rapariga que ria e ria e ria e era muito bem disposta. Parei e ri com ela. Tinha um humor muito negro, mas tinha muita piada. Mas quando disse "olá" ela não respondeu. Só ria. Não parava de rir e ria e ria e ria. E eu pedalava e pedalava e pedalava e pedalava.
Ninguém falou comigo. Mas conheci uma rapariga que dançava, uma que pisoteava, uma cantava, uma que namorava, uma que acarinhava, uma que saltava e uma que ria. E fiquei contente.
Mas nunca deixei de pedalar, e de as amar.
Ninguém falou comigo. Mas conheci uma rapariga que dançava, uma que pisoteava, uma cantava, uma que namorava, uma que acarinhava, uma que saltava e uma que ria. E fiquei contente.
Mas nunca deixei de pedalar, e de as amar.
6 comentários:
Opá cabresto que fazes vir as lágrimas... eu estava maluca a dançar mas tenho a sensação de ter visto um rapaz num triciclo de início azul, mas depois que tinha todas as cores do arco íris, assim com a sua barba. Era um rapaz charmoso e doce que pedalava e pedalava e pedalava e cujo mundo à sua passagem emocionava... beijoo*
=) =)
Tão fofo...
Obrigada pela parte que me toca, nem comento que é para não ficar envergonhada.
Je t'aime beaucou cherrie :D
Deitaste-o fora... és má! aquele que eu tanto gostava foi para o lixo! lolololol! Je vos aime too!
Que possamos pisotear juntos, sempre:)
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A SÉRIO...as lágrimas vieram me aos olhos...Obrigado! Adorei a descrição de todas...
QUE Possamos cantar, dançar, acarinhar, sorrir sempre juntos, para sempre! Para sempre para muitos pode ser muito tempo...para nós...será sempre o inicio!
ADORO TE
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