sexta-feira, dezembro 21, 2007

... no Chiado...

Há um mês atrás:

« Um bilhete com cartão de estudante para o Paranoid Park se faz favor »
« São 4,50 € por favor» « A sala é no Residence ok?»
« Sim sim. Obrigado»

« [Que filme com uma fotografia brutal... E a música... a música é excelente]»


Hoje:

As pessoas parecem baratas tontas que rodopiam com sacos de compras cheios de coisas banais para oferecer a familiares, a amigos e a pessoas que não conhecem bem. Gastar assim tanto dinheiro faz com que as pessoas fiquem mal dispostas. Isto aliado às filas infinitas que servem também para aqueles que só querem comprar coisa de um euro e meio.
As pessoas pisam-se. Encostam-se. Dão encontrões e empurrões de borla e a palavra 'desculpe' não existe. O pai natal deixa as pessoas mal dispostas. O pai natal deixa as pessoas mal criadas. O pai natal deixa as pessoas num estado lastimável.

[
«Perco-me na fnac. Não faz mal, tenho dinheiro»
«hmm... mas que livro giro... Em vez de se conhecer uma história com pessoas, conhece-se uma pessoa com uma história...»
«Olá Joel... então tá tudo bem contigo? »Sim. Então a fazer as compras de natal? »Sim, vim comprar a prenda para a minha mãe e vou comprar coisinhas para mim »Pois, eu também deixo tudo para a ultima (...) » Então vá... adeus, boas compras»
«hmm... gostei deste livro... 'O Senhor Brecht'...»
«uhh... Patrick mon ami... je like toi... 'Sobre o amor e a morte'...»
«ena ena... 'O fogueteiro'... vá, não me posso esticar...»]

[
«Fuooooooonaaaa... Olha a banda sonora do Paranoid Park!!!!!!!!!!... e dá para ouvir»
«hmmmmmmmmmmmm.... arrepio na espinha... Acho que o meu pipi deixou escapar uma gota! Isto é bué caro... Podia piratear isto... hmm... nahh... hoje vou-me passar... buy buy buy buy buy»]

Que raio se passa com as pessoas? As caixas da fnac estão cheias de baratas tontas que suspiram e nada mais fazem que esperar serem atendidos para logo logo se irem enfiar dentro de outra fila para pagar algo.

[
«hmm... caixas rápidas. Ao menos a fila é menor»
{Com uma voz estridente e audível} « A seguir...»]

O telefone toca. 'Devoradora a chamar; atender; opções'

«Olá miúda. Tudo bem?? Rute, espera só um bocado que eu tou um bocado atrapalhado que tou a pagar as minhas compras aqui na fnac... fala fala... então que se passa?»

Passo um livro. Passo outro livro. Passo um Cd. [continuo a falar ao telefone]. Insiro cartão multibanco. Digito o código. [continuo a falar ao telefone]. Meto um livro dentro do saco. Meto outro livro dentro do mesmo saco. Meto o Cd colado aos livros dentro do saco. [continuo a falar ao telefone]. Retiro o talão. Saio da fnac.

Ainda Hoje:

Uma hora depois de ter saído da fnac estava eu com uma caixa na fila para pagar na Loja do gato preto. Estava a começar a assemelhar-me com uma barata tonta. Mas estava prestes a acabar. odeio o natal.

«São 9 euros e 95 cêntimos por favor»
[hmm... o cartão não está no bolso esquerdo. hmm... o cartão não está no bolso direito; claro que não. Eu nunca ponho o cartão no bolso direito. Está pois claro no bolso esquerdo do casaco. hmm... não está.]

Procuro duas vezes o cartão em todos os bolsos que tinha. Procuro o cartão largado nos sacos. hmm... «espero só um bocadinho... está quase». A mulher fica a olhar para mim com a mesma expressão de impaciência que as baratas têm... Ainda não era uma barata. Ainda não tinha uma expressão de impaciência estampada no rosto. [«Calma, qual foi a ultima compra que fizeste? Foi na fnac... a máquina; o cartão; o cartão na máquina...»]. Não consigo conter as palavras e suspiro: «O meu cartão ficou na fnac...». A senhora com o mesmo ar de impaciência diz: «hmm...». Tiro a carteira, pago com uma nota de 10 euros e saio da loja em direcção à fnac. Era uma barata. Não uma barata tonta, mas uma barata desesperada sem cartão multibanco.

#Olho para a frente ao sair da loja do gato preto e vejo o pintor de rua com quem ontem falei. Gostava de lhe comprar aquele quadro... bolas... pode ser que o encontre noutro dia... não tenho o cartão... Faço uma cara de triste/desespero. Continuo a andar.#

Entro nos Armazéns do Chiado e vou direito à fnac.
«Boa tarde. Eu comprei umas coisas aqui na fnac e deixei ficar o meu cartão multibanco nas máquinas de pagamento rápidas...»
«Eu vou ver se algum dos meus colegas o encontrou»

Percebi por fim porque é que os seguranças são efectivamente seguranças. Têm músculos mas não têm cérebro.

Não existia cartão...

#Entretanto aconteceram coisas com empregados da fnac e com os seguranças da fnac e do centro. Coisas das quais que não me apetece contar pois não me apetece escrever sobre isso. O que importa saber é que as pessoas que estão nas caixas rápidas da fnac e os seguranças da fanc são burros.#

Vim para casa. Sem cartão. Mas com dois livros e um Cd novo. Com a prenda para a minha mãe e com uns boxers brancos com raios vermelhos.

A validade do cartão acaba este mês. Lucky lucky. A pessoa que tem o cartão tem portanto 10 dias para entregar o cartão na fnac ou para descobrir o código multibanco.




3 comentários:

e.t. disse...

lololol...ai rapaz...essa cabeça só não fica esquecida a um canto porque não calha =P

Mas tens razão, as pesssoas parecem bratas tontas! Eu que tou na vobis, na loja da pt, as pessoas como têm muita gente á frente nas caixas da vobis, insistem em querer pagar no balcão da pt...lol..uma hoje vira-se e diz: "ahh...aqui é só pt..está bem (sempre a falar com ar bué arrugante)...é que ali naquelas caixas está tanta gente...Não posso mesmo pagar aqui??"

As pessoas viram animaleee selvagem nestas datas, é o que é!

GotchyaYinYang disse...

Gostei! Gostei muito desta história... Não sei porquê mas vi-me a ver um filme ao ler a tua descriçao.

Anónimo disse...

Que é que ttttuuuuuuuu tens contra a Fnac?! Podem fazer bateladas de dinheiro, mas ao menos tens de tudo o que é cultura, com qualidade, mesmo à mão. =P

Abraços

Adonde é que voces andam?