quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Um homem, A beleza, O gatinho, o livro cheio de pequenos contos

(Maria, este livro tem a tua cara)

Hoje li um livro um pouco diferente de todos os outros que já li.

Transcrevo:



Um homem
Num certo país apareceu um homem com duas cabeças. Foi considerado um monstro, e não um homem.
Noutro país apareceu um homem que estava sempre feliz. Foi considerado um monstro, e não um homem.



Gostava que comentassem este pedaço. Vá não tenham medo que eu desta interajo convosco. Fiquei a pensar neste pequeno conto e gostava de saber o que pensam...



E aqui deixo mais dois contos que gostei muito e que partilho convosco.

A beleza
Numa certa cidade o arco-íris um dia apareceu e nunca mais se foi embora. Durante um ano permaneceu no mesmo sítio do céu. Tornou-se aborrecido.
Um dia, finalmente, o arco-íris desapareceu e o céu ficou cinzento escuro por completo. As crianças dessa cidade, excitadas, apontavam para o céu cinzento e gritavam uns para os outros: olha que bonito!


O gatinho
Havia um gato que todos os fins de tarde se aproximava do dono e lhe lambia os sapatos com a sua língua minúscula.
Vencendo uma certa timidez e uma certa precaução higiénica, o homem um dia decidiu descalçar-se para observar se o gato lhe lambia os pés como fazia aos sapatos.
Foi aí que o tigre, que se disfarçara de gato durante anos, decidiu que era o momento, e em vez de lamber, comeu.



Se quiserdes também podeis comentar estes dois. É à escolha de vossa senhoria!

6 comentários:

Taiyo85 disse...

Nem sei por onde começar a comentar... No primeiro conto, para além do óbvio de só darmos importância ou valor ou algo do género a coisas que nos são habituais/comuns, existe algo mais por detrás. Gosto da forma explicita com que é retratada a repugnância pela felicidade ou pelas duas cabeças, por serem estranhas nesses mundos. Por outro lado, a escolha de uma caracteristica fisica para complementar uma psicológica, torna o pequeno conto muito muito interessante.

Importante referir que no segundo conto, esse escritor, faz exactamente o contrário, o que me deixa feliz. Pois aqui é retratado algo novo/incomum, como algo belo, e isso deixa-me feliz... Pois acho que significa, além do mais, que tudo tem um lugar no mundo, e é amado por si só. O facto de ter escolhido algo belo para nós ( pois não o vemos habitualmente ) em contraste com o céu cinzento, é extraordinario. Podia ter escolhido algo menos "grandioso" para escrever o segundo conto.

O terceiro... Bem, não tenho assim tanto a dizer. As coisas nem sempre são o que parecem... De qualquer forma, feliz do tigre que comeu o senhor, e feliz do senhor que finalmente descobriu a verdade....

E mais n me alongo nesta passagem já por si longa...

=) ( Se não fizer sentido, é porque tou a morrer e não consigo dormir... )

Luís Silva disse...

Belos contos estes, deixam muito que pensar!
Gostei especialmente do segundo... fez-me pensar o quão é verdade o facto de não apreciarmos o que de bonito temos, e o que para nós bonito pode ser...
A monotonia sempre será uma das maiores inimigas do ser humano em meu entender :)

Quanto ao primeiro texto, gostei da ideia de estereotipagem que nos transmite.

Há monstros e monstros...

Abraços!!

Sara disse...

vou passar a visitar :)

Beijinho*

Tiago disse...

Eu gostei mt dos vossos comentários. Acho que as pessoas acabam por rejeitar aquilo que não é normal. As pessoas de duas cabeças são excluídas tal como as pessoas felizes. Compara-se um "defeito" físico a um psicológico... No fundo o que retirei foi que as pessoas não sabem lidar com a diferença... E por isso vivemos num mundo de iguais, onde a diferença é tida como esquisita.

O segundo conto foi o que gostei mais... quando uma coisa bonita acaba por se tornar comum acaba por ser ignorada. Acho que não existe o bonito e o feio. Existe sim aquilo que nos faz sentir o que é belo. E o que é belo para nós, é belo(ponto final).

Obrigado pelos comentários;)

GotchyaYinYang disse...

O meu conto preferido também é o segundo Tiago. E gostei muito dos contos todos.

E das vossas visões. Realmente é mesmo isso: as pessoas não sabem lidar com a diferença... a tantos e tantos níveis...

Ana Pena disse...

O meu conto preferido foi o segundo. Mas como toda a gente preferiu o segundo e portanto isso já é comum, deixei de preferi-lo e agora não gosto de nenhum.

Adonde é que voces andam?